2010-06-06

Livros.

Restam-me poucos livros escolares. Nunca os cuidei bem e tenho três irmãos mais novos...
As capas e folhas mal conservadas evocam-nos estados de alegria e de angústia, momentos de descoberta, macedónias de nostalgias. De alguns destes manuais, chega a emergir a percepção do professor, da sua imagem, da sua marca. Mas, não deveria isso acontecer sempre? Aí está um grande mistério.


Compêndio de Biologia (1º ano do CCL). Foi provavelmente o nosso melhor livro. Os nomes de Mercês Roque e Adalmiro Castro ficaram-me sempre na memória. Reparei agora que tiveram como consultor Manuel Sobrinho Simões. Começa com a origem da vida, indo da "geração espontânea" a Darwin e Oparin. Explica bem a reprodução humana, embora omitindo representações genitais. Nunca gostei da importância exagerada dada às fases da meiose; não imaginava que essa seria uma matéria recorrente na minha vida futura... Nas Ciências Naturais tive dois professores marcantes, embora por razões diferentes: Luísa de Melo e Afonso Moreira da Silva. Preço: 100$00



Introdução à psicologia. Disciplina de Filosofia (1º ano do CCL). Hoje poderá parecer-nos estranha a associação da Psicologia com a Filosofia, mas era mesmo assim. No entanto, este livro tem uma boa incorporação de conceitos científicos. Começa pelo "behaviorismo" e noção de reflexo condicionado. A experiência do cão de Pavlov marcou decisivamente o início do meu interesse pela fisiologia animal e pelo método científico. Associo este livro à Prof. Maria de Lurdes (reflexo condicionado). Preço: 175$00




Química (2 volumes, 1º ano do CCL). Parecem discretos, mas são livros bem feitos e de matérias interessantes (as orbitais atómicas, as ligações, a tabela periódica, etc). Estão associados ao aroma de tabaco premium incinerado no cachimbo do Prof. Clemente, da sala dos professores às labirínticas escadarias de madeira (reflexo condicionado, de novo). Fumava-se dentro do liceu? Sim, claro, mesmo no laboratório de química...

Textos literários medievais (1º ano do CCL). Lembram-se da cantigas de amigo, de amor, de escárnio e mal dizer?
Se sabedes novas do meu amigo,
Aquel que mentiu do que pôs comigo!
Ai Deus, e u é?
Professora Albina?! Lembro-me bem da sua figura, da dicção e do formalismo. Percebo agora que gostei dela. Era amiga da família do Granja e ralhava-lhe injustamente. Ele chegava tarde, não usava livros, não tinha caneta, mas foi sempre um bom rapaz.


Introdução à política (1º ano do CCL, 2 volumes). A professora Célia marcou indelevelmente o imaginário dos rapazes (pelo menos). Quem não fantasiou a partir da imensa categoria com que cruzava as pernas, levemente apoiada na secretária? O livro de texto não interessava muito. O importante era questionar, discutir, ter opinião. De preferência, uma "boa opinião". Na época, eu era um rapaz cheio de "boas opiniões" e a professora deu-me 20 valores. O que, vindo de quem vinha, me encheu de orgulho.
Preço: 60$00



Geologia (2º ano do CCL). É o primeiro volume de uma tríade. Começa por nos dizer que a terra é praticamente redonda e vai por aí adiante... Impingiam-nos geologia a mais, acho eu. Um dia fomos com o Prof. Afonso apanhar pedras para uma mata de Milhundos ou Duas Igrejas. Para depois treinar a chave dicotómica de classificação? Já não me lembro. A sala desta disciplina (no rés-do-chão da ESP) tinha vista para o campo de jogos. O professor desconfiava que olhavamos para as raparigas que se exercitavam lá para fora... Raramente nos dava o benefício da dúvida.
Preço: 245$00 (3 volumes)



Matemática (2º ano). Lembro-me da Prof. Alda, dos seus exercícios, do advento das calculadoras, mas não de usarmos o livro. Usam-se os livros de matemática?
Preço: 40$00


Preço: 152$50

Preço: 20$00

Física (2º ano do CCL). Quem não se lembra do Prof. Guimarães? "-Paulinho bandido!", "-Aparício, aparece!". Anulação de matrícula generalizada, não foi?

José Fernando Barros
Curso Complementar, 1977-79

2 comentários:

  1. que maravilha, o Livro de Introdução à Politica p.e deixou-me óptimas recordações

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  2. Lembram-se daquele interrogatório que o "Guimarães" fazia às meninas quando as interrogava? Foi percursor dos modernos concursos televisivos! Colocava o dedo indicador nas costas (ao longo da coluna vertebral) e começava no pescoço, descendo a posição por cada pergunta errada... Quando falhavam muito, o que era vulgar acontecer, aproxima-se perigosamente do traseiro, eh! eh!

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